quinta-feira, janeiro 25, 2007

BIOGRAFIA DE JOHN MAYNARD KEYNES


John Maynard Keynes (Cambridge, 5 de junho de 1883Firle, East Sussex, 21 de abril de 1946) foi um dos mais influentes economistas do século XX. Suas idéias intervencionistas e estatistas chocaram-se com as doutrinas econômicas vigentes em sua época e estimularam a adoção de políticas intervencionistas sobre o funcionamento da economia.

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Índice[esconder]
1 Vida e Época (1883-1946)
2 Contribuições teóricas
2.1 Micro e Macroeconomia
2.2 Keynes e política econômica
2.3 Investimento e expectativas
3 Ver também
4 Pensamento e obras
5 Bibliografia
6 Ligações externas
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Vida e Época (1883-1946)
O impacto da 'Teoria Geral do Emprego, Juro e Moeda nos meios profissionais bem como no domínio da política pública excedeu o que normalmente se poderia esperar até mesmo de pensadores tão destacados como John Maynard Keynes.
A razão para seu extraordinário sucesso, frente a defesa de longo tempo da “Doutrina Recebida” e á recepção geralmente negativa nos círculos não-acadêmicos na época de sua publicação, em 1936, é que a obra tinha alguma coisa para todos.
Ter-se-ia que volver ao tempo de Adam Smith para encontrar um grau comparável de persuasão com respeito a política pública; ter-se-ia que volver a David Ricardo para a espécie de análise rigorosa que inspira o pensador dedutivo; e a Karl Marx para alguém que atraísse seguidores capazes e suficientemente zelosos afim de levar sua mensagem ao mundo. Parece que a hereditariedade havia destinado a Keynes a fazer uma valiosa contribuição para o mundo.
Seu pai foi John Neville Keynes, secretário da Universidade de Cambridge, cuja obra Escopo e Método de Economia Política (1891) é não apenas clássica em seu campo, mas continua sendo um tratado eminentemente útil sobre o assunto de metodologia até nossos dias. Sua mãe servil como prefeita de Cambridge até 1932. Ambos educara o filho em Eton e no King’s college, onde se distinguiu em Matemática, além de estudar os clássicos, Filosofia e Economia, sendo esta última disciplina ministrada sob as luzes de lideres como Henry Sidwick e Alfred Marshall.
Em 1906, tendo passado no exame para o serviço civil, seguiu para a Índia Office, tendo aí permanecido durante dois anos antes de voltar para o King’s College, onde se especializou no ensino dos Princípios Econômicos de Marshall. A vida acadêmica, ampliada para incluir tantos os interesses culturais como pecuniários que proporcionavam uma bela renda adicional, era-lhe bastante adequada.
Mas ele sempre esteve envolvido em assuntos públicos numa posição ou outra, particularmente em questões de comercio e finanças. Este aspecto de sua carreira está em perfeita consonância com sua abordagem predominantemente pragmática; a economia como ciência pura era-lhe muita menos interessante do que a economia a serviços de políticas.
Com efeito, a contribuição de Keynes à teoria e pratica de economia política tem de ser vista em perspectiva, tendo como fundo os anos de guerra e entre-guerras, afim de ser plenamente compreendida e apreciada. Estes anos foram marcados pela interrupção das relações de comercio e do padrão-ouro durante a Primeira Guerra Mundial, seguindo-se primeiramente a inflação, a instabilidade da taxa de cambio e os desequilíbrios do balanço de pagamentos, e mais tarde pela deflação e desemprego em massa em escala internacional. O exame teórico desses fenômenos catastróficos e mais importante sob o ponto de vista de Keynes, as soluções praticas para os problemas criados por estes mesmos fenômenos estavam na ordem do dia.
Com a irrupção da Segunda Guerra Mundial, Keynes dedicou-se a questões concernentes às finanças de guerra e ao restabelecimento final do comercio internacional e de moedas estáveis. Suas idéias sobre estes assuntos foram oferecidos em um panfleto Como Pagar a Guerra, publicado em 1940, e no “Plano Keynes” para o estabelecimento de uma autoridade monetária internacional que ele propôs em 1943. Embora seu plano tenha sido rejeitado, a proposta que foi adotada em 1944 na conferencia de Bretton Woods, da qual participou como líder na delegação britânica, refletia claramente a influencia de seu pensamento.
Na ocasião de seu falecimento, em princípios de 1946, pouco depois de ter preparado o acordo de empréstimo americano, ele era o economista líder não somente da Inglaterra, mas do mundo. Foi um teorista brilhante, mas considerava a teoria principalmente como um guia para diretrizes de política econômica. Assim, talvez mais do que qualquer um outro individuo, Keynes é o responsável pelo retorno ao que afinal se conhecia como “economia política”.

Contribuições teóricas

Micro e Macroeconomia
Anterior ao pensamento keynesiano, a Microeconomia estuda as relações individuais entre os vários agentes econômicos. Estabelece que as forças de oferta e de procura provocariam processos de ajustes para o equilíbrio em todos os preços e valores, plena utilização dos fatores de produção, e um preço de equilíbrio para o uso de cada um. Os desvios desses níveis eram considerados temporários. De modo geral, a análise anterior do preço e do valor assentava-se em hipóteses baseadas no "laissez-faire" e a aplicação de tal teoria implicava uma política de laissez-faire e a perfeita mobilidade dos fatores no seio de uma economia auto-reguladora. Poder-se-ia exemplificar como casos específicos da Microeconomia a procura pelo trigo ou o nível salarial de uma determinada indústria.
Por outra visão, a Macroeconomia cuida dos totais ou agregados. Trata da renda nacional total, e como a mesma é afetada pelos gastos e poupanças totais. A Microeconomia está incorporada a esta. Observa o comportamento da economia total e reconhece que o dano de uma das partes é prejudicial ao todo. A idéia de fluxo é da mais alta importância pelo fato de que a renda total nacional da sociedade deve ser mantida em certos níveis para garantir os níveis considerados desejados pelos intervencionistas de investimentos, economias e emprego.
É uma espécie de conceito de equilíbrio geral: todo elemento da economia depende de todos os demais elementos. Contrariando a Microeconomia, não aceita o laissez-faire, considerando-o, na verdade, uma filosofia inteiramente indigna de confiança e que pode ser julgada grandemente responsável pelas violentas perturbações no nível das atividades comerciais e pelo desemprego subseqüente. Contudo, a Macroeconomia é anterior a Keynes.

Keynes e política econômica
J. M. Keynes discordou da lei de Say. Assim como Thomas Malthus, não acreditava que a produção de mercadorias gerariam demanda para outras mercadorias. Para ele o livre mercado não consegue produzir demanda suficiente para garantir o pleno emprego dos fatores de produção. Seria preferível que o Estado criasse déficits fiscais para aumentar a demanda efetiva e instituir uma situação de pleno emprego.
A teoria dos ciclos comerciais, seja ela monetária ou não em sua maneira de apreciar a questão, interessa-se primordialmente pelos problemas das rendas e empregos flutuantes; esses problemas preocuparam os economistas por muitos anos. Os estudos primitivos sobre os ciclos comerciais raramente empregaram muita evidência empírica, mas pelo menos nos Estados Unidos da América a macroanálise existiu durante meio século. Keynes fez a ênfase recair inteiramente sobre os níveis de renda, que segundo ele, afetavam os níveis de emprego, o que constitui, naturalmente, uma ênfase diferente da encontrada nos estudos anteriores. É provavelmente verídico que toda a economia keynesiana tenha-se destinado a encontrar as causas e curas para o desemprego periódico. Keynes não encontrou solução alguma para o problema em quaisquer trabalhos sobre Economia Política então existentes, sendo os seus esforços, portanto, grandemente exploratórios. Desviou-se claramente da maioria das teorias econômicas anteriores, até mesmo da de seu professor, Alfred Marshall, a qual era considerada pela maior parte dos eruditos quase sacrossanta. É verdade que muitas de suas idéias combinaram com as dos economistas anteriores, como Lauderdale, Malthus, Rae, Sismondi, Say, Quesnay e outros. Keynes combinou suas próprias teorias e os desenvolvimentos anteriores em uma análise que ocasionou transformações na Economia aceita em grau que raiou pela revolução.
O objetivo de Keynes, ao defender a intervenção do Estado na economia não é, de modo algum, destruir o sistema capitalista de produção. Muito pelo contrário, segundo o autor, o capitalismo é o sistema mais eficiente que a humanidade já conheceu (incluindo aí o socialismo). O objetivo é o aperfeiçoamento do sistema, de modo que se una o altruísmo social (através do Estado) com os instintos do ganho individual (através da livre iniciativa privada). Segundo o autor, a intervenção estatal na economia é necessária porque essa união não ocorre por vias naturais, graças a problemas do livre mercado (desproporcionalidade entre a poupança e o investimento e o "Estado de Ânimo" dos empresários).

Investimento e expectativas
Para Keynes, o investimento depende da interação entre a eficiência marginal do capital e da taxa de juros, deve-se analisar alguns pontos fundamentais de sua teoria. Keynes não considera, como muitos dos autores neoclássicos, a taxa de juros como um custo de empréstimo ou de financiamento, nem mesmo um custo de oportunidade correspondente ao retorno proporcionado pelos ativos aplicados no mercado financeiro, em relação ao investimento em bens de capital produtivo e nem a diferença de preço entre bens de capital e bens de consumo. A taxa de juros, segundo o próprio autor, é “uma medida da relutância daqueles que possuem dinheiro em desfazer-se do seu controle líquido sobre ele”. Ou seja, é o prêmio que um agente econômico recebe ao privar-se de sua liquidez.
Essa preferência pela liquidez de seus ativos por parte dos agentes econômicos se justifica por causa de incerteza quanto ao futuro dos eventos econômicos e do resultado futuro dos investimentos passados e presentes. Por essa razão, os indivíduos preferem manter sua riqueza na forma de dinheiro.
Por isso, segundo Keynes, a taxa de juros representa um limite ao investimento produtivo, apenas por ser um trade-off do investidor, quando aplica seu capital em uma ampla carteira de ativos, entre o investimento (capital produtivo) e a liquidez (capital monetário).
É bastante discutível as razões pelas quais a eficiência marginal do capital deve ser necessariamente decrescente conforme o volume de investimento. O que ocorre, segundo Keynes, são expectativas de retornos declinantes com o nível de investimento para, de um lado, um dado tamanho (ou crescimento) do mercado, e do outro um crescente risco financeiro associado ao endividamento e à perda de liquidez.
O declínio da eficiência marginal do capital decorre de sua escassez decrescente com o volume demandado, como ocorre com qualquer ativo de capital. Para ativos de capital produtivo, o limite para o investimento é dado pelo mercado dos bens produzidos com esse capital. O declínio do seu rendimento marginal se dá devido aos crescentes custos financeiros decorrentes de amortizações e dívidas contraídas pela empresa investidora, ou ainda o fluxo de desembolsos para o pagamento desses mesmos bens de capital, o que reduz a condição de liquidez da empresa. Esses fatores aumentam os riscos financeiros assumidos pelos investidores, o que faz com que as suas expectativas de retorno sejam cada vez menores.
Em resumo, Keynes percebe o investimento produtivo como um fenômeno monetário, ao invés de autores clássicos que desvinculavam poupança de investimento.A conotação monetária do investimento para Keynes envolve também em reconhecer que as próprias definições do investimento produtivo e de preferência pela liquidez encontram-se interligados pela mútua dependência de expectativas referentes à incerteza frente a acontecimentos futuros.
A peculiaridade das expectativas de longo prazo associadas ao investimento produtivo está principalmente na maior duração do período de comprometimento do investidor com ativos produtivos duráveis, isto é, de baixa liquidez, o que acarreta a dificuldade ou impossibilidade dos erros de correção, por baixos custos, dos erros de previsão quanto aos futuros da economia e dos mercados. Torna-se, portanto, essencial para que os agentes econômicos tomem decisões seguras, buscando minimizar a incerteza.
Porém, como Keynes considera a incerteza uma força endógena ao sistema capitalista, a solução adotada pelos agentes econômicos que possuem ativos é, ao invés de eliminar, contornar as incertezas de suas expectativas pelo recurso da adoção de normas de comportamento convencionais. Essas normas de comportamento convencionais, segundo Keynes, consistem em “supor que o presente estado de coisas continuará indefinidamente a menos que haja razões específicas para esperar mudanças”.
As expectativas de longo prazo não estão sujeitas à revisão repentina, e por isso não podem ser afetadas pelos resultados futuros, e nem eliminadas. Não podem haver, portanto, comportamentos cautelosos, na forma de expectativas adaptativas (e muito menos expectativas racionais), que amenizem as incertezas e estabilizem os investimentos. Pois, a incerteza é uma característica intrínseca do sistema capitalista. Ou seja, em suma, a reação natural dos indivíduos às incertezas quanto aos acontecimentos econômicos futuros é se guiar por um comportamento convencional, que aplaina o caminho do investimento por intermédio de um não desprezível componente inercial das expectativas.

Escola keynesiana
Desenvolvimentismo

Pensamento e obras
As obras mais famosas de Keynes foram:
As consequências econômicas da paz (The economic consequences of peace);
Tratado sobre a moeda (Treatise on money);
Teoria geral do emprego, do juro e da moeda (General theory of employment, interest and money). Tradutor: CRUZ, Mário Ribeiro da. São Paulo: Editora Atlas, 1992. ISBN 9788522414574
((en)) KEYNES, John Maynard. The end of laissez-faire. Amherst, New York: Prometheus Books, 2004. ISBN 1591022681
As suas idéias e as dos seus seguidores foram adotadas por vários governos ocidentais e por muito governos do terceiro mundos. Constituem, até hoje, a essência da política econômica mantida nos Estados Escandinavos, cujas populações desfrutam dos melhores padrões de vida do mundo. A sua influência começou a diminuir a partir dos anos 70 com a ascensão dos monetaristas, provocada pela crise do dólar norte-americano de 1971, durante o governo Nixon, quando os Estados Unidos se viram obrigados a interromper a conversibilidade do dólar em ouro.

Bibliografia
SICSÚ, João; PAULA, Luiz Fernando; e RENAUT, Michel; organizadores. Novo-desenvolvimentismo: um projeto nacional de crescimento com eqüidade social. Barueri:Manole; Rio de Janeiro:Fundação Konrad Adenauer, 2005. ISBN 85-98416-04-5 (Manole)

Ligações externas
John Maynard Keynes em *História do pensamento econômico
SICSÚ, João; PAULA, Luiz Fernando; e RENAUT, Michel. Por que um novo desenvolvimentismo ?. Jornal dos Economistas no. 186, janeiro de 2005, p. 3-5

terça-feira, agosto 08, 2006

MÉDIO ORIENTE

O Médio Oriente ou Oriente Médio (em árabe, Mashrek) é um termo que se refere a uma área geográfica à volta das partes leste e sul do Mar Mediterrâneo, conhecida como barril de pólvora pelo complexo e explosivo clima político da região, um território que se estende desde o leste do Mediterrâneo até ao Golfo Pérsico. O Médio Oriente é uma sub-região da África-Eurásia (partes da Turquia estão na Europa, e o país é considerado por alguns como parte da última), sobretudo da Ásia, e partes da África Setentrional.
Fronteiras
O termo Oriente Médio define uma área de forma pouco específica, sem definição de fronteiras precisas. Geralmente considera-se incluir:
Bahrain, Egito, Irã, Turquia, Iraque, Palestina, Faixa de Gaza e Cisjordânia, Israel, Jordânia, Kuwait, Líbano, Oman, Qatar, Arábia Saudita, Síria, Emirados Árabes Unidos, Iêmen, Armênia e Azerbaijão.
Os países do
Magrebe (Argélia, Líbia, Marrocos e Tunísia) são frequentemente associados ao Médio Oriente devido às ligações históricas, culturais e religiosas (são países islâmicos), apesar de serem ocidentais, tal como o Sudão. Os países africanos Mauritânia e Somália também têm este tipo de ligações. A Turquia, Chipre e Geórgia, apesar de geograficamente próximos, são normalmente considerados mais próximos da Europa.

segunda-feira, fevereiro 13, 2006

2006 - um ano a estrear

Paula Gonçalves Carvalho, do Departamento de Estudos Económicos e Financeiros do BPIA economia mundial expandir-se-á a um ritmo acelerado em 2006, revelando-se mais equilibrada por aumento do contributo positivo da Europa e do Japão. Os receios inflacionistas diluir-se-ão após a eliminação do impacto da subida do preço do petróleo, mas impõe-se a continuação do processo de normalização das taxas de juro de curto prazo. Os activos arriscados poderão viver um período mais negativo no início do ano, mas as taxas de juro de longo prazo dispõem de pouco espaço para subidas notórias.
Global
Apesar de se prever um crescimento robusto em 2006, antecipa-se uma desaceleração motivada, em parte, por um enquadramento financeiro menos estimulante, destacando-se as políticas monetárias progressivamente menos acomodatícias. O investimento deverá constituir um dos principais motores da expansão a nível global, assente em balanços mais saudáveis, na acumulação de avultados meios libertos e estimulado por políticas económicas favoráveis. A dinâmica de crescimento deverá ser mais repartida globalmente, ficando menos dependente do consumidor norte-americano e da economia chinesa. No Japão serão mais evidentes os sinais de crescimento sustentado enquanto a Zona Euro crescerá em torno do potencial.A inflação permanecerá controlada, dada a persistência de folga a nível da oferta global, facto para o qual contribui a crescente penetração nos mercados internacionais de mercadorias de produtores de baixo custo. A ainda escassa margem de imposição de preços pelas empresas, sobretudo na Europa, e o cenário para os preços do petróleo, de estabilização em torno dos 60 dólares por barril, justifica também as perspectivas benignas para a inflação.Apesar das perspectivas favoráveis, existe o risco de um maior arrefecimento no segundo semestre, com possível deslize para recessão nos EUA, em 2007. A incerteza relativamente ao final do ciclo de taxas de juro nos EUA poderá suscitar um ambiente financeiro adverso, ou seja, o aumento das taxas de juro de longo prazo, perdas nos mercados de acções e/ou aumento dos prémios de risco de crédito, induzindo um arrefecimento mais abrupto no segundo semestre.Ao longo de 2006 será também fundamental a forma como os mercados imobiliários responderão a taxas de juro mais altas. Neste capítulo destacam-se alguns países Europeus com sintomas de potencial formação de movimentos especulativos ao nível dos preços, designadamente a Irlanda, Espanha, o Reino Unido e também a França. Salienta-se ainda o caso do mercado imobiliário americano, onde se parecem ensaiar os primeiros passos para um abrandamento. A concretizar-se este cenário, será fundamental a dimensão da correcção, dada a importância do efeito riqueza na dinâmica do consumo privado.Numa outra perspectiva, poderá desenhar-se um cenário de insustentabilidade dos fortes desequilíbrios externos globais. Se por qualquer motivo os capitais deixarem de afluir aos EUA, o dólar entraria em colapso e as taxas de juro aumentariam exponencialmente, despoletando um cenário de recessão.
EUA
A economia deverá abrandar para os 3.3% em 2006, enquanto a inflação se quedará pelos 3,5%. 2006 será um ano de crescimento desigual. No primeiro semestre, o esforço de reconstrução alimentará ainda a expansão. No entanto, a partir de meados do ano já deverá ser evidente algum arrefecimento da actividade do consumidor, reflectindo o impacto de taxas de juro mais elevadas e a necessidade de reposição de poupanças num contexto de taxas de endividamento elevadas. O arrefecimento ligeiro ou, pelo menos, o menor ímpeto esperado no mercado imobiliário, e a consequente redução da extracção de riqueza dos activos imobiliários (house equity withdrawal) limitará a actividade do consumidor. Por outro lado, o mercado de trabalho continuará robusto, reflectindo a boa forma financeira do sector corporativo, e funcionando como um suporte fundamental para as famílias. O investimento permanecerá robusto assente na expansão de cash-flows e na evidência de algumas restrições a nível da capacidade instalada. Finalmente, o desequilíbrio externo poderá diluir-se lentamente, caso se confirme o abrandamento da procura doméstica e o dólar evolua com tendência de ligeira perda.O principal risco é de que ocorra um arrefecimento mais abrupto, à boleia da correcção do imobiliário, de um ambiente financeiro menos propício ou da necessidade de maior restritividade da política monetária. No entanto, a economia também pode surpreender pela positiva.Sobretudo se se desencadear um ciclo virtuoso, alimentado pela necessidade de reposição de stocks/melhoria do mercado laboral/ganhos inesperados de rendimento disponível. No entanto, dada a situação de endividamento excessivo das famílias e necessidade de reposição de poupanças, esta seria provavelmente uma situação insustentável a médio prazo.
Japão
No Japão deverão tor tornar nar nar--se mais balanceados os contributos da pr procura ocura inter interna na e exter externa na para o cr crescimento escimento escimento. O aumento do emprego a tempo inteiro favorece o robustecimento do consumo privado. O investimento deverá manter-se também dinâmico, dada a extensão do optimismo mesmo às empresas de menor dimensão (visível no relatório Tankan de Dezembro, por exemplo). Finalmente, a força das economias externas e os efeitos desfasados da depreciação do iene sustentarão as exportações. Neste contexto, deverão ser progressivamente mais evidentes os sinais de final da era de deflação.Os principais riscos estão relacionados com a eventualidade de uma maior restritividade da política monetária ou da política fiscal, pondo em causa a expansão. No entanto, a cautela evidenciada pelo Executivo nipónico e a postura prudente do BoJ justificam que atribuamos uma reduzida probabilidade a este cenário.
Europa
A UEM deverá crescer em torno do potencial, mas a inflação continuará a evidenciar alguma resistência à queda queda. As exportações e o investimento serão os principais motores da expansão enquanto o consumo privado deverá evoluir em linha com o rendimento disponível, suportado também pelos ganhos no mercado de emprego, que apresenta uma tendência de melhoria ligeira. No entanto, a expansão deverá continuar desigual em termos regionais. A performance da Alemanha constitui a principal boa notícia, dado que o processo de reestruturação empresarial, redução dos custos de trabalho e acordos verticais conseguidos em diversos sectores nos últimos anos, possibilitaram ganhos sustentáveis de competitividade face ao exterior. Adicionalmente, o regime fiscal favorável, permitindo a aceleração do regime de amortizações em 2006-07, favorecerá também a componente de investimento. Em contrapartida, espera-se um contributo mais modesto da França e de Espanha, em desaceleração ligeira face a 2005, em parte reflexo do aumento das taxas de juro do euro, dado que a dinâmica de ambas as economias assenta bastante no recurso ao crédito. Noutros casos antecipa-se estagnação enquanto algumas questões estruturais são lentamente resolvidas, com é o caso de Itália, a braços com eleições em 2006.Na Zona Euro, os principais riscos estão relacionados com a dinâmica da procura externa que continua a constituir um suporte fundamental para a retoma. Pelo que o fulgor dos principais parceiros comerciais, destacando-se os Estados Unidos e os países exportadores de petróleo, assim como a evolução do euro constituem os principais factores de risco ao cenário.
Portugal
Em 2006 a economia portuguesa deverá crescer ainda abaixo do potencial, em torno de 1%, devendo em simultâneo registar-se um padrão de crescimento mais saudável, assente nas exportações líquidas e numa melhoria ténue do investimento investimento. O consumo privado deverá registar uma nova desaceleração, em parte reflexo da habitual resposta desfasada do mercado de trabalho ao ciclo económico. A subida, ainda que ligeira, das taxas de juro do euro, num contexto de níveis de endividamento elevados das famílias portuguesas deverá também justificar o esperado menor dinamismo do consumo privado. Este será, no entanto, compensado pela retoma ligeira do investimento, reflexo de contágio de uma dinâmica mais favorável do sector exportador e também por via de algumas restrições de capacidade após anos consecutivos de desinvestimento - segundo o INE, a taxa de utilização da capacidade produtiva situa-se já acima dos 82%.Os riscos são no sentido negativo, ou seja, Portugal poderá registar mais um ano de crescimento sub-par em 2006 2006. Os motivos para este cenário pessimista são bem conhecidos. A economia portuguesa padece de deficiências estruturais acentuadas, cuja resolução só será possível a médio/longo prazo, destacando-se o diferencial de educação por comparação com as restantes economias desenvolvidas. Esta desvantagem tem vindo a tornar-se mais evidente nos últimos anos dado o ambiente externo concorrencial mais agressivo (crescente penetração de produtores de baixo custo e entrada na UE dos países de Leste Europeu) cujo efeito tem sido potenciado pela ausência ou diluição de anteriores factores propulsores do crescimento (por exemplo, a acentuada queda das taxas de juro ou a explosão do recurso ao crédito). A necessidade de saneamento das contas públicas e a gradual implementação de reformas que assegurem a sustentabilidade das contas do Estado contribuem também para deprimir a economia a curto prazo, ainda que constituam um elemento fundamental para colocar a economia no bom caminho. Numa outra perspectiva importa também referir que a contracção do investimento e os elevados níveis de desemprego, ainda que penosos a curto prazo, constituem um sinal de reestruturação do tecido produtivo nacional. O enfoque nos mercados externos e no aumento de produtividade, e a subida na escala do valor acrescentado constituem factores fundamentais para assegurar um padrão de crescimento mais sustentável. Em suma, apesar dos riscos e do caminho penoso, é importante salientar que a economia portuguesa está no bom caminho caminho.

sexta-feira, fevereiro 10, 2006

João Pereira Coutinho pode avançar para a PT

O Maior Negócio de Sempre em Portugal


Martim Avillez Figueiredo

O empresário está atento às oportunidades que surjam. Não exclui a possibilidade de uma oferta concorrente, mas neste momento ainda não tem o plano delineado. João Pereira Coutinho está a estudar uma resposta à oferta da Sonae sobre a Portugal Telecom, embora ainda não tenha desenhado o seu plano de acção definitivo, apurou o Diário Económico junto de diversas fontes próximas do empresário.O dono da AR Telecom, que concorre directamente com a PT, pretende aproveitar as oportunidades abertas com a oferta da Sonae e da Sonaecom, que irá revolucionar todos os equilíbrios do sector, garantem as mesmas fontes. Contactado pelo Diário Económico, João Pereira Coutinho considerou inoportuno fazer qualquer comentário nesta fase do processo.No entanto, segundo as mesmas fontes, João Pereira Coutinho estará já decidido a fazer qualquer coisa. Segundo afirmam, o empresário não exclui nenhuma possibilidade, desde a participação num grupo de investidores que façam uma oferta concorrente com a da Sonae, á possibilidade de adquirir alguns dos activos que a Sonae – ou qualquer que seja o vencedor da batalha pelo controlo da Portugal Telecom – seja obrigado a alienar por questões de concorrência, abrindo assim oportunidades de crescimento ao operador, que detém uma quota de mercado ainda limitada.Levantamento de fundos não é problemaQualquer opção deverá passar pelo levantamento de fundos nos mercados internacionais, um obstáculo que o empresário não terá grandes dificuldades em conseguir ultrapassar. Até porque, nesta altura, é mais difícil para estes grandes fundos (ver caixa) identificarem oportunidades de investimento do que levantar fundos nos mercados.A AR Telecom, que resultou da aquisição da antiga Jazztel, oferece serviços ‘triple play’ – vídeo, voz e dados – através de frequências de rádio, ou seja, sem necessidade de construir uma infraestrutura física. No entanto, o seu serviço, nesta fase inicial, centra-se sobretudo em Lisboa.Para João Pereira Coutinho, explicam as mesmas fontes, num sector dominado pela Portugal Telecom durante tão longos anos, a ruptura provocada pela Sonae vai abrir oportunidades de crescimento que tão cedo não se irão repetir. Assim, qualquer empresa do sector que tenha a ambição de ser maior, não pode deixar passar um momento destes ao lado.João Pereira Coutinho construíu o seu grupo a partir do sector da distribuição automóvel, detendo hoje um império centrado em Portugal e no Brasil, onde detém a Unidas, a maior empresa de gestão de frotas do país.João Pereira Coutinho preferiu não fazer qualquer comentário à oferta da Sonae, nem sobre as eventuais movimentações de alguns dos accionistas de referência da operadora.